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23% dos alimentos analisados pela Anvisa têm resíduos de agrotóxicos acima do limite permitido ou proibidos para cultura

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) encontrou resíduos de agrotóxicos acima do limite permitido ou proibidos para cultura em 23% dos alimentos avaliados entre 2017 e 2018.

Os resultados fazem parte do Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos (Para) e foram divulgados nesta terça-feira (10).

Em 77% das análises foi constatada ausência de resíduos de agrotóxicos ou a presença de ingredientes ativos dentro do limite permitido pela agência, ou seja, seguras para consumo.

Das 23% amostras onde foram vistas inconformidades:

  • 17,3% tinham resíduos de ingredientes ativos não permitidos para aquela cultura;
  • 2,3% tinham ingrediente ativo acima do limite permitido;
  • 0,5% apresentaram ingrediente ativo proibido no país;
  • 2,9% tiveram mais de um tipo de inconformidade (2,9%)
Avaliação de resíduos de agrotóxicos em alimentos — Foto: Rodrigo Sanches/G1
Avaliação de resíduos de agrotóxicos em alimentos — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Na rodada anterior do programa, divulgada em 2016, de 12.051 amostras analisadas entre 2013 e 2015, o percentual das que foram consideradas insatisfatórias foi de 19,7%. A Anvisa diz que não é possível a comparação porque a metodologia mudou.

Desta vez, a agência avaliou 4.616 amostras de 14 tipos de legumes, cereais e frutas encontrados em supermercados de 77 municípios em todo o Brasil — exceto no Paraná, que optou por não fazer parte do programa a partir de 2016.

Avaliação dos resíduos de agrotóxicos — Foto: Juliane Souza e Rodrigo Sanches/G1
Avaliação dos resíduos de agrotóxicos — Foto: Juliane Souza e Rodrigo Sanches/G1

Foram pesquisados 270 agrotóxicos em abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva. Segundo a Anvisa, esses alimentos representam cerca de 30% dos alimentos de origem vegetal consumidos pela população brasileira.

Avaliação de risco

A Anvisa também verificou o risco à saúde de acordo com dois critérios: agudo (para consumo esporádico) e crônico (consumo prolongado).

Entre as amostras, 0,89% apresentaram potencial de risco agudo, ou seja, podem causar, em um período de 24 horas, reações como dor de cabeça e náusea após o consumo de uma grande porção de um alimento com nível elevado de resíduo de agrotóxico.

Os maiores percentuais apareceram em amostras de laranja, goiaba e uva.

Neste caso, a Anvisa fez a comparação com a rodada anterior, informando que, em 2016, esse índice era de 1,11%.

Nenhum agrotóxico apresentou potencial de risco crônico para o consumidor, relatou a Anvisa. Foi a primeira vez que o Para considerou esse tipo de dano. Neste caso, foram considerados os dados de mais de 15 mil amostras de 28 alimentos, coletadas no período de 2013 a 2018.

Como reduzir ingestão

“Não há nenhum alarde. Os alimentos estão seguros, dentro do que a gente esperava”, diz Bruno Rios, diretor adjunto da Anvisa. “O nosso monitoramento acontece desde 2001, então a gente vem acompanhando e o principal foco da agência não está na dieta, no consumo dos alimentos, e sim no risco ocupacional daquelas pessoas que aplicam os agrotóxicos no campo.”

Rios sugere que o consumidor prefira alimentos cuja procedência é informada. “É importante que todos exijam a origem desse alimento, do produtor, para que a gente consiga rastrear até o fim e isso garanta a segurança de toda a cadeia”, aconselha.

“Também é importante que os alimentos sejam lavados e que seja usada uma bucha específica pra essa finalidade, para retirar qualquer resíduo que porventura estejam na casca desses alimentos.”

Avaliação de potencial de risco dos resíduos de agrotóxicos dos alimentos, segundo a Anvisa — Foto: Luciana de Oliveira/G1
Avaliação de potencial de risco dos resíduos de agrotóxicos dos alimentos, segundo a Anvisa — Foto: Luciana de Oliveira/G1

De acordo com a Anvisa, o agrotóxico carbofurano foi o principal responsável pelo risco agudo. O uso deste agrotóxico está proibido pela Anvisa desde abril de 2018.

Segundo Rios, não há uma medida imediata a ser tomada com base nos novos resultados.

“Esses dados são públicos e essas informações são repassadas para todas as vigilâncias sanitárias nos estados e municípios, no Ministério da Agricultura, e por serem dados de monitoramento, eles não implicam de imediato em ação ou numa medida”, afirma. “Mas eles servem para que a gente saiba onde os problemas estão ocorrendo, para que a gente possa chegar até lá, e para que os próximos monitoramentos possam ter resultados ainda melhores do que agora.”

O Para existe desde 2003 e já monitorou mais de 35 mil alimentos, em ciclos. De 2013 a 2015 foram 25 tipos. No atual, que seguirá até 2020, serão 36%.

Agrotóxicos mais encontrados nos alimentos avaliados pela Anvisa — Foto: Luciana de Oliveira/G1
Agrotóxicos mais encontrados nos alimentos avaliados pela Anvisa — Foto: Luciana de Oliveira/G1

Por TV Globo

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