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Mergulhando na cultura nômade durante uma Olimpíada bem diferente no Quirguistão

Em suas andanças pelo mundo desde 2015, a jornalista Fernanda Kiehl e seu marido, o fotógrafo Tiago Ferraro, já visitaram mais de 50 países. Entre eles o Quirguistão, na Ásia Central, onde presenciaram os World Nomad Games, espécie de Olimpíadas tradicionais dos povos nômades. O evento acontece a cada dois anos desde 2014, e as três primeiras edições foram em território quirguiz – a mais recente, em 2018, foi sediada na cidade de Cholpon-Ata. A de 2020 acontecerá em setembro, na Turquia, mais precisamente em Iznik, na província de Bursa.

A seguir, o casal, autor do recém-lançado livro “Nômades” e do blog mondayfeelings.com, conta como são essas competições e fala um pouco sobre o Quirguistão.

Uma Olimpíada diferente de tudo

O Er Ernish (wrestling a cavalo) é um dos esportes tradicionais dos povos nômades da Ásia Central que estão nos World Nomad Games Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação
O Er Ernish (wrestling a cavalo) é um dos esportes tradicionais dos povos nômades da Ásia Central que estão nos World Nomad Games Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação

“Você com certeza já vibrou muito assistindo a um embate entre atletas nas Olimpíadas, um dos eventos esportivos mais populares da atualidade. Mas e se falássemos que no remoto Quirguistão, pequeno país da Ásia Central, atletas do mundo inteiro se encontram para competirem em modalidades tão ou até mais emocionantes do que as olímpicas?

Os World Nomad Games reúnem, a cada dois anos, mais de dois mil atletas de 70 países (inclusive do Brasil) para disputarem esportes de tradição nomádica, exóticos para nós. Entre as modalidades mais ovacionadas pelo público estão o Er Ernish (wrestling a cavalo), arco e flecha a cavalo, caça com falcão e o Kok Boru, uma espécie de polo a cavalo em que a bola é substituída pelo corpo de uma cabra decapitada — apesar de parecer brutal, o Kok Boru tem origem numa antiga tradição de castigar os lobos que atacavam o rebanho dos acampamentos, jogando-os de uma pessoa a outra.”

Muito mais do que um evento esportivo

Apresentação artística de arco e flecha durante a edição de 2018 dos World Nomad Games, no Quirguistão Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação
Apresentação artística de arco e flecha durante a edição de 2018 dos World Nomad Games, no Quirguistão Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação

“Os World Nomad Games foram criados para preservar e dar visibilidade às etnias que têm perdido sua cultura para um mundo cada vez mais globalizado e uniforme. Em 2018, os World Nomad Games tiveram um auditório inteiramente dedicado a apresentações étnicas de mais de 80 países. Teve escocês tocando gaita de fole, banda de rock folclórico da república russa de Bascortostão, dança nigeriana, desfile de moda quirguiz, apresentação musical venezuelana, entre outros.” PUBLICIDADE

Um legado para o mundo

Caça com falcão é outra modalidade tradicional presente nas "Olimpíadas nômades" Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação
Caça com falcão é outra modalidade tradicional presente nas “Olimpíadas nômades” Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação

“Se engana quem pensa que os jogos são voltados apenas para os nômades da Ásia Central. Como nos revelou o organizador dos jogos, Askhat Akibaev, ‘as pessoas não devem pensar que somente quirguizes ou cazaques são nômades. Todas as nações de certa forma o são. A história da Humanidade começa com o movimento de migração do homem a partir da África. O próprio planeta Terra está constantemente em movimento. Somos todos nômades. Nascemos assim e essa é nossa verdadeira essência’. Os World Nomad Games nascem então com o intuito de reunir povos ancestrais de todos os cantos do mundo.”

Um novo destino ainda pouco conhecido…

Tipo de tenda tradicional da Ásia Central cercada pelas montanhas do Quirguistão Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação
Tipo de tenda tradicional da Ásia Central cercada pelas montanhas do Quirguistão Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação

“Noventa e cinco por cento do Quirguistão é formado por montanhas, e o país é ideal para os amantes do turismo de aventura. Lá, você encontra lagos alpinos maravilhosos, montanhas coloridas, picos nevados perfeitos para alpinistas experientes, estepes repletas de animais selvagens, além de muitas opções de trilhas para explorar a pé, a cavalo ou de bicicleta.”

… que adora o Brasil

Mulheres posam com trajes típicos do Quirguistão durante os World Nomad Games de 2018, no país da Ásia Central Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação
Mulheres posam com trajes típicos do Quirguistão durante os World Nomad Games de 2018, no país da Ásia Central Foto: Tiago Ferraro / Monday Feelings / Divulgação

“O Quirguistão fez parte da União Soviética até o ano de 1989. Naquela época, eram poucos os programas estrangeiros que tinham permissão para serem televisionados no bloco comunista. Entre o seleto grupo de conteúdos com o aval de Moscou, estavam as novelas brasileiras. Algumas, como ‘O clone’, fizeram tanto sucesso por lá que os quirguizes acabaram desenvolvendo um enorme carinho pelo Brasil. Ao revelar aos locais que éramos brasileiros, a reação mais comum era um enorme sorriso seguido de um entusiasmado ‘Hello, Jade!’.”

Por O Globo

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