Capital da aventura da Nova Zelândia, Queenstown, o resort atraente nas montanhas da Ilha Sul, vive à base de adrenalina. Local da primeira operação comercial de bungee-jump – estabelecida em 1988, sobre o Rio Kawarau –, a cidade é o local certo para testar sua coragem saltando, sobrevoando ou deslizando sobre as coisas. Durante o inverno, de junho a setembro, também atrai os fãs do esqui, com quatro áreas à volta dos Alpes do Sul.
No resto do ano, serve de portal para os parques nacionais Mount Aspiring e Fiordland, no oeste, além de proporcionar caminhadas de vários dias nas trilhas de Milford, Routeburn Greenstone e Caples. Em março, início do outono, há menos gente, mas o clima continua ótimo para as aventuras ao ar livre. O Festival Akarua, na cidade próxima de Arrowtown, é realizado de 16 a 20 de abril, e o LUMA Southern Light Project, que leva instalações de luz a Queenstown Gardens, de 29 de maio a 1º de junho.
Às margens do Lago Wakatipu, formado por águas das geleiras e o terceiro maior do país, Queenstown oferece uma pausa para as atividades radicais com restaurantes sofisticados e boas compras, tudo com o sotaque local inconfundível.
Vistas panorâmicas
Para ter uma ideia do cenário local e de como Queenstown se parece com uma joia, cercada de montanhas, o negócio é subir. Uma das opções é o bondinho Skyline (44 dólares neozelandeses, ou cerca de R$ 128), que chega ao topo do Bob’s Peak, a 450 metros, altura suficiente para ver como a cidade envolve as enseadas protegidas do lago em forma de raio, e a cadeia de montanhas ao longe, conhecida como “Remarkables” (quem é fã da saga “O Senhor dos Anéis” vai reconhecer). Para manter o espírito local, o transporte oferece emoção extra ao chegar ao topo, incluindo uma pista de luge (a partir de NZ$ 61, incluindo o ingresso do bondinho), mas o cenário é para lá de inspirador, e convida à exploração nas inúmeras trilhas montanhosas. Se quiser economizar no transporte e tiver pernas, siga pela Queenstown Hill Time Walk, que chega a uma altitude de 500 metros.
Jantar e show
O Sherwood Queenstown se autoidentifica como um “hotel de comunidade”, mas o antigo motel de inspiração Tudor, situado em uma encosta pertinho do centro, ganhou reforma com ares hipster e se tornou destino para o pessoal local e os viajantes interessados em cultura e sustentabilidade. Reserve uma mesa em seu restaurante, cujo fornecimento é em parte garantido pela própria horta. Entre as opções locávoras estão a salada verde (NZ$ 10), o tartare de carne de cervo (NZ$ 18) e o cordeiro na brasa (NZ$ 32). Nas noites do fim de semana há grandes chances de você pegar um concerto no salão aconchegante; se não, pelo menos há a oportunidade de aproveitar as lareiras de chão externas, ao redor das quais os clientes se reúnem para papear e admirar o céu estrelado.
Café da manhã e feirinha
Levante-se e saia cedo, antes de as filas começarem a se formar no Bespoke Kitchen, um café de quatro anos conhecido pelo uso de produtos orgânicos. O cardápio reinventa o café da manhã com ofertas como o substancioso chile vegano de tofu mexido (NZ$ 20,50), batata sem glúten, funcho e refogado de verduras com ovo frito (NZ$ 20) e até um hambúrguer de frango desfiado apimentado (NZ$ 23,50). Dá para comer no salão bem iluminado ou em um dos pátios cobertos. Depois, caminhe algumas quadras para chegar ao cais e dar uma olhada na Creative Queenstown Arts & Crafts Market, uma feirinha realizada todos os sábados pela manhã que oferece peças de cerâmica, tricô, fotografia, design gráfico e muito mais.
Um pouco de emoção
Basta uma voltinha pela cidade para ver todo tipo de aventura oferecida pelas agências locais, incluindo bungee jump, bungee swing, saltos de paraquedas, rafting e passeios de helicóptero. Entre as atividades mais radicais está o passeio (“jet boating”) em lanchas projetadas para deslizar sobre as águas rasas dos rios da região. As da Shotover Jet, de proprietários maoris, percorrem o Rio Shotover a uma profundidade de apenas dez centímetros, levando 14 passageiros, para depois entrar em cânions estreitos aos quais a agência tem acesso exclusivo. A impressão é a de que os barcos passam a milímetros dos paredões de pedra, e a emoção é reforçada pelos giros de 360° (NZ$ 159).
Um hambúrguer que vale a espera
Quem é Ferg, o homem de cara feia nas placas da Fergburger, lanchonete cult onde há fila na porta a qualquer hora do dia? Segundo o pessoal do restaurante, em 2001 ele decretou: “Façam-se hambúrgueres para o povo comer quando estiver bêbado feito gambá.” Ele pode até ser um personagem fictício, mas a qualidade da comida é real. E a fila de fãs, bêbados ou não, se estende pela Shotover Street durante quase todas as 21 horas em que a casa está aberta diariamente. As opções do cardápio exploram exaustivamente as possibilidades do sanduíche, e vão desde o simples Fergburger (NZ$ 12,50) ao de carne de cervo, Sweet Bambi (NZ$ 14,40), e o Little Lamby, com carne de cordeiro neozelandês (NZ$ 14,40). Faça o pedido e se acomode a uma das poucas mesas disponíveis, ou vá comer na praia, que fica a dois minutos de distância.
Zen no Onsen
Fuja da muvuca por uma horinha e, de quebra, aproveite a paisagem que oferecem os ofurôs de cedro do recém-reformado Onsen Hot Pools. São nove banheiras que dão para uma curva do Rio Shotover, dispostas em salas individuais com janelas retráteis que se abrem para o exterior, e outras cinco dispostas nos jardins da propriedade. Pegue um ofurô com capacidade para quatro pessoas por uma hora (a partir de NZ$ 87,50 para um, ou até NZ$ 212 para quatro), que inclui um copo de cerveja, vinho ou suco e um lanchinho. A reserva antecipada é fundamental, já que as filas de espera chegam a várias semanas.
Compras à moda local
Passe pelo menos uma horinha espiando as lojas e galerias da cidade, lotadas de grifes nacionais como a Swanndri, que faz o clássico camisão de lã “Swanny”, e a Icebreaker, especializada em jaquetas e casacos de tecidos naturais. Para presentes e imagens, visite a Vesta Design Boutique, situada na William’s Cottage, construída em 1864 às margens do lago e registrada oficialmente como a casa mais antiga de Queenstown. Lá dentro, admire as impressões em edição limitada que Nicola Tucker fez das montanhas, e de Marika Jones para as aves nativas, além de pôsteres de viagem antigos da região.
Pôr do sol impressionante
Escolha um lugar para brindar o pôr do sol em Queenstown, onde o fenômeno óptico do alpenglow pinta as longínquas montanhas Remarkables de rosa. O bar Reds, no hotel QT Queenstown, é especializado em negronis, incluindo o clássico e o envelhecido (NZ$ 19). O salão modernista tem uma parede inteira de janelões que oferece uma vista panorâmica espetacular, incluindo os barcos de turismo no lago mais abaixo. Outra opção para quem estiver na praia principal é conferir The Bathhouse, uma casa de banhos de 1911 com uma coroa inconfundível no telhado que foi convertida em um café popular de frente para o lago. (Vale lembrar que, por causa da latitude de 45° ao sul, no verão o pôr do sol pode acontecer lá pelas 21h30.)
A Ilha Sul de bandeja
Como o de muitas cidadezinhas montanhosas exclusivas, o cenário gastronômico de Queenstown oferece ótimas opções carnívoras, incluindo o Botswana Butchery e a Jervois Steak House, mas, se você quiser sentir o verdadeiro sabor da Nova Zelândia austral, reserve uma mesa no Rata, que também é o nome de uma árvore nativa. Um mural de fotos de parte da floresta do Parque Nacional Fiordland retroiluminado dá o tom tranquilo do salão aberto, sem divisórias, com piso de madeira e paredes de pedra, cuja cozinha é comandada pelo chef Josh Emett. Os ingredientes regionais são o destaque do cardápio, que muda diariamente e incluía, quando passei por lá, crudo de cavala (NZ$ 24), tartare de carne de boi criado no pasto com trufas Canterbury (NZ$ 24), lombo de cervo com purê de cebola (NZ$ 48) e ombro de carneiro no bafo para duas pessoas (NZ$ 50 por pessoa). Termine a refeição com uma amostra dos queijos nacionais dispostos no carrinho entre as mesas (três por NZ$ 20).
Batido e mexido
Queenstown é uma cidade festeira, com opções que vão desde as margens do lago, onde os mochileiros se reúnem para beber cerveja, até os pubs clássicos e bares de coquetéis badalados, incluindo o Upstairs @ The Bunker. Acima do restaurante de mesmo nome, é decorado com fotos antigas em preto e branco de astros de Hollywood como Audrey Hepburn, e tem bartenders elegantes preparando coquetéis artesanais em um salão íntimo, com lareira. Se preferir, fique no pátio bebericando um “From Russia With Love”, espumante com vodca e licor de pêssego (NZ$ 19), de olho nos filmes de James Bond exibidos sem som em um telão na parede adjacente.
Faça caminhadas
Há trilhas de caminhada, conhecidas por aqui como “tracks”, espalhadas por toda a cidade. Seguindo de carro para o norte ao longo da Glenorchy-Queenstown Road, em quinze ou vinte minutos você tem acesso a várias trilhas para caminhadas inspiradoras, incluindo a que segue pelo Moke Lake Loop Track. Com menos de 6,5 quilômetros de extensão, ela dá a volta ao redor de um lago que reflete as montanhas íngremes e estéreis que o cercam. Se estiver quente, fique perto do Lago Wakatipu e percorra a Bob’s Cove Trail, curtinha, que leva às margens pedregosas do lago em questão de minutos. Na ponta da enseada há até um píer onde você pode se arriscar em um mergulho.
Vá atrás do ouro
Faça um passeio de carro até Arrowtown, a pouco mais de vinte quilômetros de Queenstown, onde descobriram ouro em 1862, às margens do Arrow, dando assim origem a um período curto, mas intenso, de uma verdadeira febre que resultou em cerca de 70 estruturas preservadas, muitas hoje transformadas em lojas, cafés, galerias e restaurantes. O Lakes District Museum & Gallery (entrada: NZ$ 10) conta um pouco da história local, desde as origens nativas maori como espaço de caça do moa (incluindo amostras dos ossos do pássaro extinto) até o estabelecimento de um vilarejo chinês de mineradores. Pare para uma guloseima e uma cerveja no The Fork and Tap, pub familiar com um pátio externo generoso, ou desfrute alguns copos de pinot noir da região de Central Otago na The Winery, uma loja de bebidas que oferece amostras das vinícolas de várias partes do país.
Por O Globo