Imagine um lugar onde o clima é sempre de primavera. Onde as pessoas se comunicam numa linguagem sem palavras – só assobios – e atravessam montanhas se equilibrando numa vara. Essas são as Ilhas canárias: um paraíso que atrai o mundo. Um pedacinho da Espanha bem próximo à costa da África.
O solo é vulcânico e às vezes, muito quente; dá até pra fazer um churrasquinho. O vinho, outro milagre, extraído de uvas que nascem no meio da lava. E as praias… Lindíssimas. Numa delas, a areia parece pipoca. O mais surpreendente é que, neste litoral, toda nudez é permitida. Um desafio para a nossa equipe: como mostrar isso a vocês?
Assista à íntegra do programa, uma co-produção do Globo Repórter com a RPC, afiliada paranaense da Globo.
Vulcão nas Ilhas Canárias — Foto: Globo Repórter
VULCÕES
As Ilhas Canárias, território autônomo que pertence à Espanha, nasceram de erupções vulcânicas no fundo do Oceano Atlântico, há milhões de anos, bem pertinho da costa do Marrocos, na África. Os vulcões se espalham por toda a parte. O ponto mais alto da Espanha, o monte Teide, fica a 3718 metros acima do nível do mar e também é um vulcão. Ele é tão alto que pode ser visto de longe, até das ilhas vizinhas. A paisagem é árida, quase sem vida. É possível avistar ainda manchas escuras: é a marca da lava da última erupção, mais de duzentos anos atrás. Na ilha de Lanzarote, é possível avistar o palco das últimas grandes erupções das Canárias: numa noite de 1730, moradores presenciaram uma montanha brotar da terra. Nos seis anos seguintes, vários vulcões surgiram e cuspiram bolas de fogo, toneladas de rochas, lava e cinzas — onze aldeias desapareceram.
Silbo Gomero — Foto: Globo Repórter
CULTURA DOS ASSOBIOS
Na região de La Gomera, uma das ilhas menos habitadas do arquipélago, é possível ouvir um assobio que, na verdade, é Silbo Gomero, uma linguagem assobiada que era usada pelos aborígenes da ilha e que foi adaptada ao castelhano com a chegada dos espanhóis. A linguagem foi muito útil, num tempo em que a ilha não tinha telefone e sequer estradas. Os moradores usavam os assobios para conversar com os vizinhos, entre os penhascos. Dependendo da força dos pulmões, as mensagens podem ser ouvidas a quilômetros. Atualmente, as aulas de Silbo são obrigatórias nas 13 escolas da ilha.
Parque Nacional de Garajonay — Foto: Globo Repórter
MISTICISMO
La Gomera é um dos locais mais místicos das Ilhas Canárias. O Parque Nacional de Garajonay, na região central de grandes altitudes, vive coberta pelo nevoeiro. É ali que fica a Laurissilva, uma floresta densa que esconde uma clareira que, até hoje, dá asas à imaginação dos moradores. Dizem que ali a floresta não cresce porque a clareira era o lugar onde as bruxas faziam seus rituais. Na verdade, a ausência de árvores se deve ao fato de que a área cobre o que antes era a cratera de um vulcão. Mais tarde, o local virou um lago, e é por isso que o solo é tão diferente. O parque também esconde outras lendas: a mais conhecida é a história da princesa Gara e do jovem Jonay, de Tenerife, a ilha vizinha. O casal se apaixonou, mas os pais de Gara proibiram a união. Os dois então fugiram, mas foram cercados no ponto mais alto da ilha. Para não serem separados, eles pegaram um graveto e espetaram as pontas no peito de cada um e se uniram para sempre num último e forte abraço. O romance deu origem ao nome do parque: Garajonay.
Praia nas Ilhas Canárias — Foto: Globo Repórter
PRAIAS
Fuerteventura, a mais antiga das ilhas, é a que tem o maior número de praias: são mais de 80 ao todo. O vento é tão forte que o lugar se tornou o ingrediente principal para quem gosta de praticar esportes radicais aquáticos. Mas as praias mais comuns em todo o arquipélago são de areia preta, vulcânica. Já em Lanzarote, existe ainda um balneário bastante livre: na região, é possível andar sem roupas onde você quiser. Tudo começou nos anos 1970, quando um alemão construiu casas pela região. Logo, o lugar se tornou o destino preferido de naturistas de várias partes do mundo. E em Maspalomas, na Ilha de Gran Canária, está outro dos balneários mais badalados do arquipélago. A praia vive lotada porque, de um lado, o mar aberto, do outro, dunas de areia fininha que ocupam uma área três vezes maior do que o Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Por Globo Reporter