Para chegar aos 100 anos, bons genes ajudam, mas não dão conta sozinhos da longa jornada. De acordo com estudo conduzido por cientistas da Washington State University, o ambiente no qual vivemos tem impacto significativo na longevidade. No trabalho publicado no “International Journal of Environmental Research and Public Health”, os pesquisadores reconhecem que a situação socioeconômica também influi, mas mostram que as comunidades ideais são aquelas nas quais é possível caminhar sem riscos e onde diversas gerações convivem. Em outras palavras, faz muita diferença se o entorno dos indivíduos é convidativo ao envelhecimento saudável, estimulando hábitos como se exercitar e cultivar conexões sociais. Ainda enfrentamos a angústia do isolamento, mas ele vai passar, e a receita continuará valendo.
Os autores se debruçaram sobre os dados relativos à morte de cerca de 145 mil moradores do estado de Washington, nos EUA, todos com 75 anos ou mais, entre 2011 e 2015: local de residência, sexo, raça, estado civil e escolaridade. Em seguida, fizeram um levantamento sobre os lugares onde essas pessoas viviam, segundo critérios como acesso ao transporte e serviço de saúde, poluição do ar, espaços verdes, entre outros. Ao cruzar as informações, analisaram que regiões estavam ligadas a uma maior longevidade.
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Chegar aos 100 anos: o ambiente onde se vive tem grande relevância na longevidade — Foto: M W por Pixabay
Para cada bairro ou cidadezinha do interior foi calculado um índice que se referia ao potencial número de anos perdidos, ou seja, a diferença entre a idade da morte dos moradores daquela região e a marca dos 100 anos. Quanto menor esse número, melhor o indicativo: significava que os indivíduos daquela área tinham chegado mais perto de se tornarem centenários – ou se transformado num deles. Por outro lado, se o índice era alto, sugeria que os habitantes do lugar haviam morrido cedo.
Rajan Bhardwaj, um dos autores do estudo, disse que passou a se interessar pelo assunto depois de começar a cuidar do avô idoso: “descobrimos que comunidades que reúnem pessoas de diferentes idades beneficiam todos os que vivem lá. Há uma demanda por serviços e lazer, o que faz com que os mais velhos tenham opções para se exercitar e consumir produtos de qualidade”. Ofer Amram, professor da universidade e coordenador do laboratório de epidemiologia da instituição, afirmou que uma vizinhança onde há diversidade pode levar idosos a terem maior apoio da comunidade e se sentirem menos isolados. “Sabemos que, através da mudança de hábitos, podemos modificar nossa predisposição para diversas doenças”, acrescentou.
Por Mariza Tavares, G1