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A história do Domaine Georges Roumier, um dos ícones da Borgonha

Em 1924, aos 26 anos, o jovem Georges Roumier, da região de Dun-Les-Places, uma singela comuna borgonhesa, casou-se com Geneviève Quanquin. A família Quanquin tinha terras na Côte d’Or e eram negociantes de vinho. Foi com o dote de 12 hectares de vinhedos herdados pela esposa que Georges deu início a uma trajetória que hoje o coloca no patamar de um dos grandes ícones da Borgonha, em especial de Chambolle-Musigny.

Na época, entre os 12 hectares iniciais estavam partes dos vinhedos de Les Fuées e Les Amoureuses, dois Premier Cru de Chambolle, e partes do Grand Cru de Bonnes Mares. Aí ele começou a produzir seus vinhos, criando um negócio independente de seus sogros. Diz-se também que, ao mesmo tempo que cuidava das suas propriedades, ele também trabalhava no vizinho, o Domaine Georges De Vogüé.

Assim, em 1952, ele comprou parte do Domaine Belorgey, acrescentando mais vinhedos de Bonnes Mares e uma parte de Clos de Vougeot. E, no ano seguinte, comprou o monopólio de 2,5 ha do Premier Cru Clos de la Bussière em Morey-Saint-Denis. Pouco tempo depois, Georges se aposentou.

Foi seu terceiro filho (ele teve sete), Jean-Marie quem deu sequência ao trabalho do pai. O mais velho, Alain, acabou indo ocupar o cargo do pai no Domaine Georges De Vogüé. Quando Georges morreu, as terras acabaram divididas entre os sete irmãos, mas eles decidiram criar uma empresa para manter as propriedades dentro do domaine. E assim Jean-Marie continuou aumentando a área de vinhedos, comprando parte de Corton-Charlemagne e Musigny.

Até o começo dos anos 1980, o Domaine Georges Roumier tinha status de um excelente produtor, mas foi quando Christophe, seu filho, entrou na empresa que seus vinhos passaram a ser cultuados.

Talento e cuidado

Christophe nasceu em 1958, estudou enologia na Universidade de Dijon, fez um estágio na cooperativa de Cairanne em Côtes du Rhône em 1980 e juntou-se ao pai no ano seguinte. Seu impacto foi significativo. Seus vinhedos são vigiados de perto e geridos de forma orgânica, com tratamentos mínimos. Tudo no vinhedo é pensado para que as plantas estejam sempre bem aeradas – o que diminui o risco de vários tipos de doenças – e possam gerar as melhores frutas possíveis.

Ele valoriza as vinhas velhas e só replanta parcelas quando atingem 50 anos. Ainda assim, ele tenta simular as qualidades de uma seleção massal tradicional usando o máximo de diversidade de clones em um vinhedo. Assim, cada parcela replantada é dividida em sete ou oito áreas menores, cada um com um clone. E ele também usa clones próprios, feitos de sua seleção massal.

Ele também tende a colher mais tarde do que seus vizinhos. A seleção grão a grão é feita tanto pelos colhedores quanto depois na mesa de seleção. Seus vinhos podem ter diferentes proporções de cachos inteiros e quando são desengaçados, retiram-se os das vinhas mais jovens e mantêm-se os das mais antigas. A fermentação é natural e longa, parte em aço inoxidável, parte em cimento ou cubas de madeira. Para o estágio em madeira, menos da metade fica em barricas novas.

Desde 1993, ele deixou de filtrar os vinhos. “O vinho é quem dita as regras”, diz. “Não fazemos Pinot Noir, fazemos vinhos de terroir que se expressam por meio da Pinot Noir”, completa Christophe, que diz não querer vinhos “frutados”, pois, segundo ele, a fruta não permanece, portanto, o que busca é estrutura e a tipicidade do terroir. Seus vinhos são pensados para durar muito tempo.

“A natureza é como um cachorro na coleira, você tem que ser levado por ele. Você precisa deixar a natureza fazer as escolhas, e ocasionalmente apontar a direção certa”, afirma. Segundo Christophe, Chambolle produz os mais elegantes vinhos da Côte d’Or e ele é quem faz alguns dos melhores vinhos da região. Seu Musigny, produzido em minúscula escala, é um dos vinhos mais caros do planeta ano após ano, por vezes superando valores de 20 mil dólares. E isso considerando que Christophe afirma que seu Musigny não é seu vinho mais regular (talvez pela dificuldade de vinificar tão pouco). Outro que frequentemente atinge cifras estratosféricas é o Les Amoureuses, que, por vezes, supera 30 mil dólares. Hoje, qual – quer vinho de Roumier, é cultuado e seus preços refletem sua fama.

AD 93 pontos

DOMAINE G. ROUMIER CHAMBOLLE MUSIGNY 2013

Domaine G. Roumier, Borgonha, França (Juss Millesimes R$ 1.200 safra 2016). Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas Pinot Noir advindas de quatro parcelas que o Domaine possui na vila de Chambolle, com fermentação em cubas de madeira e concreto (20% de engaços) e posterior estágio entre 15 e 18 meses em barricas, sendo 30% novas. Mostra cativantes notas terrosas, florais, de ervas e de especiarias envolvendo suas frutas nítidas, lembrando cerejas e framboesas. Mas, é na boca que diz a que veio, tem acidez refrescante, taninos firmes e finos e final persistente e profundo, confirmando o nariz. Está ótimo e muito equilibrado agora, mas tem tudo para ficar ainda melhor nos próximos 10 anos. Álcool 13%. EM

Arnaldo Grizzo, Revista Adega
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