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Mostra do Cinema da USP retrata singularidades de 12 cidades do mundo

OLugar Que Habitamos é o nome da primeira mostra deste ano do Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp), que começa nesta segunda-feira, dia 14, e se estende até 13 de março, no canal do Cinusp na plataforma Youtube. Os filmes já estão disponíveis gratuitamente.

A nova mostra exibe 12 produções curtas que tratam das singularidades, problemas e desafios de diferentes cidades do mundo. Por exemplo, a verticalização de São Paulo é discutida em E (Brasil, 2014, 18’), dirigido por Alexandre Wahrhaftig, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos. “Por meio de depoimentos de pessoas que conheciam e habitavam os espaços que passaram a ser estacionamentos e um uso criativo de imagens de arquivos do Google Maps, o filme faz um retrato das transformações do espaço urbano da maior capital brasileira”, informa o Cinusp na sinopse do filme.

Outro filme presente na mostra, Brasília: Contradições de Uma Cidade Nova (Brasil, 1967, 24’), de Joaquim Pedro de Andrade, questiona se uma cidade planejada, símbolo do desenvolvimento nacional da época, reproduziria a desigualdade social presente nas metrópoles brasileiras.

O Porto de Santos (Brasil, 1978, 20’), de Aloysio Raulino, faz um retrato de Santos, no litoral paulista. “O filme traz a especificidade e a dinâmica própria de Santos – o trabalho no porto, os habitantes das margens e a boemia noturna -, expondo o que há de duradouro e efêmero, típico da noite em uma cidade portuária.”

A capital de Pernambuco é o tema de Recife Frio (Brasil, 2009, 24’), de Kleber Mendonça Filho. “Uma sátira política que se utiliza da comicidade e da mescla de gêneros cinematográficos para retratar uma metrópole em caos incapaz de esconder todas as suas mazelas e fraquezas sociais”, destaca a sinopse do Cinusp. “Partindo de uma premissa com tom de ficção científica, Kleber Mendonça se utiliza do lúdico e do exagerado para, no fim, desvelar uma realidade desigual e que assombra por não estar tão distante quanto gostaríamos que estivesse.”

Ser Feliz no Vão (Brasil, 2020, 12), de Lucas Rossi dos Santos, é “um ensaio preto sobre trens, praias e ocupação de espaço”, segundo o Cinusp. “Mescla de imagens de arquivo coloridas e em preto e branco, o curta questiona as complexidades da vivência, moradia e acesso da população preta brasileira.”

As produções que abordam cidades do exterior são igualmente instigantes. Os Muros de Sana (Itália, 1972, 13’), dirigido por Pier Paolo Pasolini, é um apelo para que a cidade de Sana’a, capital do Yemen, seja preservada. “Marcado por belíssimas paisagens naturais, o documentário-apelo de Pasolini é o retrato de um lugar que, mesmo tomado pelas dificuldades e tensões sociais do pós-revolução, se recusa a abandonar a esperança de um futuro melhor”, explica o Cinusp na sinopse. “Como as muralhas e fortificações primorosamente construídas, a resiliência da população local também é exaltada, resultando em um curta-metragem sensível e empático na mesma medida que é corajoso e político.”

Cidade de Contrastes (Senegal, 1969, 22’), de Djibril Diop Mambéty, mostra a paisagem e a história de Dakar, no Senegal. A ironia da narrativa se mistura a imagens de suntuosos prédios públicos, em comparação com a situação da população que habita a cidade. Isso faz do filme “uma forte crítica às formas como a colonização francesa influencia a vida e a paisagem de Dakar naquele ano ainda tão próximo de sua recém-conquistada ‘independência’”.

Na Rua (Estados Unidos, 1948, 17’), de Janice Loeb, Helen Levitt e James Agee, registra o dia a dia agitado numa rua do Harlem espanhol de Nova York durante a década de 1940. “A mistura de filmagens no estilo vérité documenta esse bairro diversificado e tomado pela efervescência da juventude; as crianças tornam-se as estrelas brincando, dançando, brigando, chateando os adultos com a bagunça e aterrorizando a vizinhança no Halloween”, destaca a sinopse preparada pelo Cinusp. “O curta-metragem de direção colaborativa era o favorito de Charlie Chaplin, que não se cansava de imitar seus participantes.”

A Passarela Se Foi (Taiwan/França, 2002, 25), de Tsai Ming-Liang, se dá em torno da demolição não anunciada de uma passarela em Taipei. Explorando o sentimento de ausência e de nostalgia pelo passado de Taipei, o filme dá vida à cidade mutante e ao movimento coletivo dos transeuntes da capital de Taiwan.

Uma mulher retorna a Belém, agora uma cidade confinada a um único andar de um monumental arranha-céu que abriga todo o território e a população palestina. Esse é o enredo de Patrimônio Nacional (Palestina/Dinamarca, 2012, 9’), de Larissa Sansour. De acordo com a sinopse do Cinusp, “Larissa Sansour mais uma vez vale-se de uma ótica distópica para abordar o impasse no Oriente Médio, combinando imagens geradas por computador, atores ao vivo e uma trilha sonora de arabescos eletrônicos. Abordando diferentes questões políticas enfrentadas, como o abastecimento de água e as restrições de viagem, a diretora prevê o desenraizamento total da experiência palestina”.

Lúpus (Colômbia/França, 2016, 9’), de Carlos Gómez Salamanca, é uma produção que retrata a cidade de Bogotá, na Colômbia. “Em dezembro de 2011, um vigia noturno foi morto por uma matilha de cães que rondava pelas ruas de Bosa, uma área dos subúrbios de Bogotá”, informa o Cinusp. “Com o uso de diferentes técnicas de animação, o curta possui uma atmosfera sombria uniforme. Fazendo uma analogia com a doença autoimune no título, a massificação e a verticalização da cidade são também comparadas aos cães selvagens e territorialistas que atacam o vigia.”

Finalmente, Valparaíso (Chile/França, 1963, 24’), de Joris Ivens, entrelaça a vida cotidiana da cidade chilena com sua história. “Nele, é apresentada a dinâmica única da cidade portuária, com seus morros, teleféricos e as inúmeras escadarias, assim como suas contradições. O passado colonial também não é esquecido pelo roteiro assinado por Chris Marker, que, com uma virada estética das imagens, dá um tom de esperança ao futuro da cidade.”

A mostra O Lugar Que Habitamos, do Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp), começa nesta segunda-feira, dia 14, e fica em cartaz até 13 de março no canal do Cinusp no Youtube. Grátis.

Por Jornal da USP

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