Muita gente tem uma (boa) opinião formada sobre Chico Buarque. É o que mostra o livro ‘Meu caro Chico – Depoimentos’, que está sendo lançado pela Editora Francisco Alves, e coube a Augusto Lins Soares pesquisar e organizar os 60 depoimentos reunidos na obra.
A ideia do livro surgiu em 2018, quando Augusto estava organizando ‘Revela-te, Chico – Uma fotobiografia’. “Durante a pesquisa, encontrei declarações e histórias curiosas que revelavam Chico e sua produção artística. Achei importante organizar este livro só com textos de autores de várias gerações e de diferentes áreas de atuação”, explica o autor que coletou novos depoimentos para completar a publicação, mas teve que adiar o projeto por conta da pandemia.
Os textos estão na ordem alfabética dos autores selecionados e apresentam um painel multifacetado sobre Chico Buarque. Está lá o depoimento mais antigo, de outubro de 1966, escrito por Carlos Drummond de Andrade em sua coluna do Correio da Manhã, sobre “um rapaz de pouco mais de vinte anos” e sua primeira música a ganhar um festival: “E se o que era doce acabou, depois que a banda passou, que venha outra banda, Chico, e que nunca uma banda como essa deixe de musicalizar a alma da gente”, escreveu o poeta.
Entre os textos, inéditos e já publicados, há um bilhete da escritora Clarice Lispector, uma crítica do poeta Torquato Neto, uma letra da cantora Eugénia Melo e Castro e um poema do presidente Lula. São todos registros de amizade, parceria, admiração e cumplicidade.
Ao longo de ‘Meu caro Chico – Depoimentos’ vão surgindo curiosidades, como revela o escritor Eric Nepomuceno: “Chico é meu único amigo que se distrai lendo dicionários. Tem uma quantidade absurda de dicionários e por isso seu repertório de palavras parece infinito.” E segue com o relato divertido do funkeiro Rafael Mike, que participou da gravação da música ‘As caravanas’ com o cantor, e o depoimento de Clara Nunes sobre Morena de Angola, feita especialmente para ela pelo compositor. Ainda há o exclusivo de Miucha, onde conta em detalhes, pela primeira vez, como ganhou uma música do irmão.
O livro encerra com o texto do musicólogo Zuza Homem de Mello: “Chico Buarque, talvez o autor mais querido da estupenda geração dos anos 1960, que deu à música popular uma fartura de obras primas, atinge o auge de sua carreira na idade em que os compositores de música popular, por razões até hoje carentes de explicação, costumam pendurar suas chuteiras”.
Sobre autor
Nascido no Recife, Augusto Lins Soares é formado em arquitetura e cursou comunicação visual na Universidade Federal de Pernambuco, tornando-se designer. Em 1994, foi para a Editora Abril, onde trabalhou como diretor de arte das revistas Superinteressante, Nova Beleza e Bravo!. De 2011 a 2016, foi diretor de arte da revista Casa Vogue, da Edições Globo Condé Nast. O gosto pela fotografia documental se acentuou com o passar do tempo e foi determinante quando decidiu migrar para a área de livros. Tem grande interesse por fotobiografia, um produto editorial que ele considera ainda pouco explorado no Brasil. Tem três livros publicados: ‘Revela-te, Chico – Uma fotobiografia’ (Bem-Te-Vi, 2018), ‘O santo revelado – Fotobiografia Dom Helder Camara’ (Cepe, 2019) e ‘Thereza Eugênia – Portraits’ 1970-1980 (Barléu, 2021). Augusto já está preparando seu próximo livro, a fotobiografia de Sonia Braga, com lançamento previsto para 2022.
Livro: ‘Meu caro Chico — Depoimentos’
Organização: Augusto Lins Soares
Editora: Francisco Alves
Preço: R$ 65
Por QG