Múltiplas narrativas sobre a identidade nordestina e as migrações tomam conta da programação do Festival Palco Virtual, do Itaú Cultural, em maio.
Isso porque o evento inaugura um novo projeto chamado “Cena Agora”, que reúne peças teatrais com duração máxima de 15 minutos. E o tema dessa primeira edição é “Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas”.
Na primeira semana, de 6 a 9 de maio, você pode assistir a sete cenas curtas, seguidas por bate-papos mediados pela dupla de jornalistas Pollyanna Diniz e Ivana Moura. As apresentações são todas de graça e acontecem pela plataforma Zoom, às 20h. Para assistir, basta reservar o ingresso com antecedência.
A ideia da mostra “Encruzilhada Nordeste(s)” é propor uma série de reflexões sobre essa importante região brasileira, que se expande a partir da migração para outros territórios nacionais e internacionais, além de questionar as construções estereotipadas ou colonizadas das identidades nordestinas.
Quem abre a programação, no dia 6 de maio, é o Estopô Balaio, que, embora tenha sua sede na zona leste de SP, carrega em seu DNA as memórias e referências de seus artistas, vindos do Rio Grande do Norte. O grupo encena “EX-NE – O Sumiço”, um recorte da distopia “EX-NORDESTINES”, com direção de Quitéria Kelly, que tem estreia prevista para o mesmo mês.
O trabalho parte da premissa de que o Nordeste teria sumido do mapa sem que ninguém notasse, com exceção de uma estatista, uma linguista, um geógrafo e um historiador. O trabalho aborda a invisibilização de diversas nações indígenas da região, a naturalização de erros exploratórios e a racialização do nordestino.
Já a trupe alagoana apresenta, no dia 7, “Prisioneiro do Reggae”, dirigido por David Oliveira. Na obra, quatro jovens começam um debate em torno de um misterioso caso envolvendo o reggae policial, um gênero musical que surgiu em Alagoas.
Nesse mesmo dia, o paraibano Coletivo de Teatro Alfenin mostra ao público seu “Pequeno Inventário das Afinidades Nordestinas”, dirigido por Márcio Marciano e Murilo Franco. O experimento audiovisual parte de fragmentos de memória e impressões cotidianas dos integrantes da companhia para tecer um breve comentário poético e crítico sobre as relações nordestinas.
Diretamente de Sergipe, o Grupo Boca de Cena discute o tema da migração em “Remundados”, com texto de Raysner de Paula, no dia 8. O trabalho investiga a ideia de “remundar”, o ato de se espalhar pelo mundo as sementes daquelas pessoas que foram varridas da história, para que elas possam renascer.
A trama conta a história de quatro refugiados que vieram de lugares que não existem mais e seguem suas vidas sem rumo.
Na sequência, você assiste à “Encontros, NE?”, de Casa de Zoé, do Rio Grande do Norte. Na montagem, sob a direção de César Ferrario, os artistas-criadores Igor Fortunato, Titina Medeiros, Caio Padilha e Nara Kelly tentam entender o que é o nordeste, quais as suas fronteiras e onde fica a região, além de desejarem que ela seja descoberta algum dia.
Para encerrar o primeiro final de semana da nova mostra do Festival Palco Virtual, o grupo paulistano Cia. do Tijolo encena “O Outro Nome da Amizade”, com direção e atuação de Dinho Lima Flor, Karen Menatti e Rodrigo Mercadante.
A trupe evoca alguns personagens de seus espetáculos anteriores para criar uma discussão sobre o tempo presente, a vida, os homens e as mulheres. Dom Helder Câmara, Ivone Gebara, Paulo Freire e Patativa do Assaré percorrem encruzilhadas da cidade de concreto condenada a nunca adormecer.
E o texto “Você já Sangrou Hoje?”, com os maranhenses Brenna Maria e Ywira Ka’i, investiga tudo o que o ser humano pega e usa como bem entender, sem qualquer cuidado ou sem se importar com o fato de que aquilo um dia vai acabar. Essa é uma clara analogia à terra, vista como sagrada, mas que também jorra sangue de suas entranhas.
Reserve o ingresso para as apresentações do projeto “Cena Agora” neste link e confira tudo sobre a programação do Festival Palco Virtual por meio deste site.
Por Catraca Livre
