A expectativa de vida ao nascer dos brasileiros era de 76,3 em 2018, de acordo com dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (28). São 3 meses e 4 dias a mais que a projeção feita em 2017, o que corresponde a uma alta de 0,4%.
Essa estimativa vem crescendo desde 1940. Naquele ano, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de apenas 45,5 anos, ou seja, os brasileiros hoje vivem, em média, 30,8 anos a mais do que em meados do século passado.
“Esse aumento é justificado, principalmente da década de 1940 para cá, por uma série de fatores, com a queda da mortalidade, por uma série de fatores que chegaram no Brasil, principalmente o desenvolvimento da saúde, da medicina, a melhoria das condições de saneamento básico, de coleta de lixo”, apontou o demógrafo do IBGE Luciano Gonçalves.
Além da melhora das condições estruturais do país, o Gonçalves destacou que também houve melhorias dos hábitos de vida da população.
“[Outro fator] que a gente fala hoje em dia é que, principalmente, a pessoa passa a se cuidar mais. Então, é fato, é notório, que atividade física, uma alimentação balanceada, um sono que repõe as energias, consumo moderado de álcool, não fumar, são fatores que prolongam a vida dos indivíduos”, disse.
O IBGE destacou que essa expectativa de vida muda conforme o ano de nascimento da pessoa, ao que se dá o nome de “projeção de sobrevida”. Por exemplo, quem tinha 30 anos completos em 2018 terá um tempo médio de vida diferente de quem nasceu naquele ano.
- Aos 30 anos: 48,7 de expectativa de sobrevida, ou seja, expectativa de vida de 78,7 anos
- Aos 40 anos: 39,5 de expectativa de sobrevida, ou seja, expectativa de vida de 79,5 anos
- Aos 50 anos: 30,7 de expectativa de sobrevida, ou seja, expectativa de vida de 80,7 anos
- Aos 60 anos: 22,6 de expectativa de sobrevida, ou seja, expectativa de vida de 82,6 anos
- Aos 70 anos: 15,3 de expectativa de sobrevida, ou seja, expectativa de vida de 85,3 anos
- Aos 80 anos ou mais: 9,6 de expectativa de sobrevida, ou seja, expectativa de vida de 89,6 anos ou mais
Maior longevidade feminina
Para as mulheres, que tendem a viver mais tempo que os homens, a expectativa aumentou de 79,6 anos em 2017 para 79,9 anos em 2018. Já para os homens aumentou de 72,5 para 72,8 anos no mesmo período.
O IBGE destacou, no entanto, que essa diferença da expectativa de vida entre homens e mulheres é mais acentuada conforme a faixa etária, fenômeno chamado de “sobremortalidade masculina”. Em 2018, um homem com idade entre 20 e 24 anos tinha 4,5 vezes menos chance de chegar aos 25 anos que uma mulher.
“Esse fenômeno pode ser explicado por causas externas, não naturais, que atingem com maior intensidade a população masculina”, explica o pesquisador do IBGE Marcio Minamiguchi.
O pesquisador enfatizou que esse fenômeno não era observado em 1940 com tanta evidência. “A partir de meados da década de 80 as mortes associadas às causas externas passaram a desempenhar um papel de destaque. É um fenômeno proveniente da urbanização e inclui homicídios, acidentes de trânsito e quedas acidentais, entre outros”, disse.
Também conhecido como “esperança de vida”, o dado informa quanto devem viver, aproximadamente, os indivíduos nascidos em um determinado ano – desde que mantidas as mesmas condições observadas no ano de seu nascimento.
Catarinenses vivem mais, maranhenses, menos
Fatores regionais também interferem na expectativa de vida, conforme apontou o IBGE. Para ambos os sexos, a maior estimativa ao nascer foi observada em Santa Catarina, onde chega a 79,7 anos – 3 anos e 4 meses a mais que a média nacional.
Outros estados com expectativa acima dos 78 anos são o Espírito Santo, São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
No outro extremo, a população com menor expectativa de vida está o Maranhão, com 71,1 anos, seguido pelo o Piauí, com 71,4 anos.
Ou seja, para uma criança nascida no Maranhão espera-se que ela viva 8,6 anos a menos que uma criança nascida em Santa Catarina.
Mortalidade infantil segue em queda
De acordo com o IBGE, a mortalidade infantil manteve, em 2018, a tendência de queda observada desde. O número de mortes antes de completar 1 ano de idade caiu de 12,8 a cada mil nascidos vivos em 2017 para 12,4 por mil em 2018.
Em 1940, eram 146,6 mortes entre mil nascidos vivos, o que representa uma queda de 91,6%.
Já até os 5 anos de idade, o número de mortes caiu, entre 2017 e 2018, de 14,9 por mil para 14,4 por mil.
“A mortalidade infantil tem causas normalmente evitáveis e, principalmente nesses primeiros anos de vida, está muito relacionada às condições em que a criança vive. Conforme melhoram as condições de saneamento básico da população e o acesso a vacinas e atendimentos de saúde, diminuem os índices de morte infantil. Se conseguirmos reduzir a taxa atual pela metade, isso significará menos 15 a 20 mil mortes de crianças por ano”, comentou o pesquisador do IBGE Marcio Minamiguchi.
Já o demógrafo do IBGE Luciano Gonçalves apontou que a maior escolarização das mulheres também contribui para reduzir a mortalidade infantil.
“Tem a ver com o aumento da escolaridade feminina, da mulher, da mãe, que é a pessoa que está no dia-a-dia com a criança e cada dia que passa começa a encontrar formas de cuidar melhor daquele ser vivo”, destacou.
Por G1