Com o passar dos anos a idade chega para todo mundo e com ela vem o desgaste natural do corpo, que pode causar dores, dificuldade para dormir, ansiedade, depressão e por aí vai. Por isso, idosos americanos estão vendo na maconha um novo aliado para aliviar esses problemas.
Esse foi o resultado de uma pesquisa publicada em 7 de outubro no Journal of the American Geriatrics Society.
O estudo foi realizado em 568 pacientes anônimos com 65 anos ou mais. O resultado mostrou que:
- 15% usaram cannabis nos últimos três anos;
- 53% dos usuários disseram que usavam regularmente e para fins médicos;
- 61% dos pacientes começaram a usar cannabis após os 60 anos.
“Surpreendentemente, descobrimos que quase 3/5 dos usuários de cannabis relataram usá-la pela primeira vez como adultos mais velhos”, disse Kevin Yang, um dos pesquisadores do estudo e estudante de medicina da UCSD (Universidade da Califórnia em San Diego).
“Os novos usuários eram mais propensos a usar cannabis para fins médicos do que para recreação. A rota do uso de cannabis também diferia, com novos usuários mais propensos a usá-la topicamente como uma loção em vez de fumar ou ingerir. Além disso, eles eram mais propensos a informar o médico sobre o uso de cannabis, o que reflete que o uso não é mais tão estigmatizado como era antes “, disse Yang.
Os pesquisadores, no entanto, avaliam que são necessários mais estudos para afirmar o potencial de cannabis.
Maconha não diminui dor crônica
Uma pesquisa, publicada em 2018, no periódico The Lancet, avaliou que o uso de maconha medicinal não diminui a dor crônica ou substitui o uso remédios para o problema.
Os pesquisadores da Universidade de New South Wales, na Austrália, recrutaram 1.514 adultos que receberam prescrição de medicamentos (incluindo fentanil, morfina, oxicodona, buprenorfina, metadona e hidromorfona) por mais de seis semanas para tratar a dor com duração superior a três meses. Os voluntários foram observados por quatro anos.
A análise revelou que pessoas que usavam maconha medicinal relataram escores mais altos de dor do que aqueles que não usam maconha por dois, três ou quatro anos. Transtornos de ansiedade generalizada também foram significativamente maiores nos usuários de cannabis e, mesmo após o ajuste para múltiplos fatores, como idade, dor inicial e dose de medicamentos, os autores não encontraram associação entre o uso da maconha e a redução dos remédios para a dor.
No Brasil, uso de cannabis foi aprovado em 2019
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a regulamentação do registro e da venda de medicamentos à base de cannabis nas farmácias e drogarias do Brasil em dezembro de 2019.
Isso significa que agora está mais fácil para quem usa medicamentos feitos com substâncias provenientes da maconha, que passam a não depender mais da importação direta desses remédios.
Confira abaixo alguns dos possíveis efeitos terapêuticos dos canabinoides, mas que ainda necessitam de comprovação clínica:
- Acne – o CBD é antioxidante e tem potencial para ajudar a reparar danos à pele;
- TDA (Transtorno do Déficit de Atenção) e TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) – canabinoides teriam potencial para estimular a produção de dopamina e, com isso, substituir a Ritalina e similares em tratamentos;
- Alcoolismo e outros vícios – o canabinoide cariofileno e seu derivado, o óxido de cariofileno, combatem alguns efeitos provocados pelo álcool. Testes em ratos mostraram que doses pequenas dessa substância faziam eles consumir muito menos álcool;
- Esclerose lateral amiotrófica – CBD e THC teriam efeito antioxidante e ajudariam a evitar a morte de células nervosas associadas à doença;
- Alzheimer – CBD pode evitar a criação de proteínas malformadas associadas à doença. Canabinoides também são associados à proteção de células nervosas;
- Anorexia – usar canabinoides para estimular os receptores do sistema endocanabinoide pode ajudar a regular o metabolismo;
- Doenças resistentes a tratamento com antibiótico – THC e CBD teriam capacidade antibiótica e poderiam ser usados nesses casos;
- Ansiedade e condições correlatas – CBD poderia ser usado como ansiolítico;
- Artrite – CBD poderia ser usado como anti-inflamatório;
- Asma – CBD poderia ser usado como anti-inflamatório; Arterosclerose – neurotransmissores ativados pelo THC inibem a incidência de arterosclerose;
- Autismo – CBD e THC poderiam atuar no controle de problemas decorrentes de autismo, como convulsões e agressividade;
- Doenças autoimunes – canabinoides poderiam ser usados para modular o sistema imunológico e tratar doenças do tipo;
- Transtorno bipolar – canabinoides, em determinadas doses, podem ajudar no tratamento de problemas como transtorno bipolar por sua atividade como neurofármaco;
- Câncer – o CBD pode inibir a angiogênese –formação de novos vasos sanguíneos–, o que está ligado a doenças como o câncer;
- Colite e doença de Crohn – CBD pode diminuir inflamações intestinais ao atuar junto ao sistema imunológico do paciente;
- Depressão – CBD teria efeito antidepressivo e ansiolítico;
- Diabetes – os efeitos metabólicos dos canabinoides reduziram os níveis de insulina e índice de HOMA em humanos;
- Problemas endócrinos – estudos relacionam o sistema endocanabinoide ao controle das funções corporais feito pelo sistema endócrino;
- Epilepsia e convulsões – derivado de CBD suprime gene relacionado à epilepsia. CBD também demonstrou efeitos anti-convulsivos;
- Fibromialgia – o uso de CBD se mostrou eficaz para o tratamento da dor em pacientes com fibromialgia;
- Glaucoma – THC e CBD têm potencial para diminuir a pressão ocular;
- Problemas cardíacos – canabinóides estão associados ao controle de arritmia, isquemia e cardiomiopatias;
- Aids – uso de THC pode ajudar a diminuir danos ao sistema imunológico e evitar que o quadro dos pacientes se agrave;
- Doença de Huntington – CBG (cannabigerol) demonstrou propriedades neuroprotetoras e CBD tem potencial para tratamento dessa doença;
- Doenças crônicas nos rins – canabinoides demonstram efeito anti-isquêmico e podem ajudar a evitar o bloqueio de vasos sanguíneos nos rins;
- Enxaqueca – doses combinadas de CBD e THC ajudaram a diminuir as dores decorrentes de enxaquecas;
- Esclerose múltipla – CBD mostra potencial para oferecer uma proteção mais duradoura contra efeitos nocivos da doença;
- Parkinson – testes mostraram eficácia do THC e do CBD para evitar a degradação dos neurônios;
- Osteoporose – um receptor de canabinoides chamado CB2 atua como sistema regulatório de massa óssea. Se estimulado corretamente, pode ajudar a controlar a doença;
- Reumatismo – o uso de canabinoides é promissor, uma vez que o sistema endocanabinoide também atua regulando inflamações e adaptando respostas imunológicas;
- Esquizofrenia – CBD demonstra efeitos antipsicóticos;
- Insônia – CBD tem potencial para tratamento de insônia e como modulador do sono;
- AVC – canabinoides estão associados ao controle da isquemia.
Por Uol