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Não tem mágica: tome cuidado com as fake news da alimentação

Quem nunca se deparou com receitas que prometem resolver todos os problemas de um jeito fácil, sem gastar dinheiro com remédios ou sofrer com cirurgias? No mundo das preparações milagrosas, tudo é possível. Desde o emagrecimento rápido e definitivo até a cura de doenças graves. São as fake news da alimentação, que você recebe nas suas redes sociais ou encontra aos montes a cada pesquisa que faz na internet.

A lista é infinita. Água e limão em jejum para emagrecer. Chá de alho para substituir antibióticos. Chá de erva-doce para curar gripes. Água com quiabo para curar diabetes. Chá de limão e gengibre para combater a pneumonia. Suco de melancia, aipo e laranja para eliminar pedras nos rins. Folha de goiaba para acabar com a queda de cabelo. Inhame para curar o câncer. E por aí vai.

Alguém pode questionar qual é o mal de ingerir, por exemplo, água com limão, que é uma fonte de vitamina C. O perigo dessas receitas é outro: encorajar pessoas doentes a abandonarem o tratamento médico.

O problema é tão sério que o Ministério da Saúde disponibiliza um número de WhatsApp (61) 99289-4640 para receber informações virais, que são apuradas e respondidas oficialmente como verdades ou mentiras. “Normalmente essas receitas não têm nenhum embasamento científico, saem da cabeça de pessoas leigas, e isso é um perigo por que elas não têm condições de entregar aquele milagre”, resume Marcella Garcez, nutróloga e diretora representante da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) no Paraná.

Embora a maioria das pessoas se encante com a possibilidade de tratar enfermidades com alimentos e receitas simples, seguir essas preparações mágicas é como dar um tiro no escuro para acertar a cura. “Quando se troca alguma medicação específica, que a ciência provou que é importante para o tratamento de uma doença ou prevenção, por uma receita dessas, é arriscado porque a gente não sabe o que aquilo pode causar tanto de bem quanto de mal”, alerta Mariana Melendez, professora doutoranda em nutrição humana na UnB (Universidade de Brasília).

Alimentos não curam

A nutricionista fala que apesar de muitos alimentos terem propriedades benéficas comprovadas em estudos, eles não têm poder curativo. “O alimento é um potencializador importante da cura da doença, mas junto com o tratamento que muitas vezes está embasado no uso de medicações, numa cirurgia ou uma questão um pouco mais invasiva”, frisa.

Sendo assim, abandonar o tratamento não é uma opção. A forma mais segura de vencer uma doença é ser acompanhado pelo médico e por um nutricionista que indique os melhores alimentos para cada caso. Garcez compartilha a mesma opinião. “Alimentos com funcionalidades não são medicamentos. Mas inserir nutrientes benéficos para algumas situações eventualmente já instaladas, isso funciona como uma terapia complementar” afirma.

O papel dos alimentos, portanto, não é combater, mas prevenir doenças, se consumidos com frequência. Proteger o corpo de inúmeras enfermidades é algo que eles conseguem fazer sozinhos.

A prevenção feita com alimentos é fundamental, uma vez que erros alimentares são os responsáveis pelo desenvolvimento de muitas doenças, inclusive crônicas. “Quem come errado uma vida inteira aumenta o risco de ter doenças cardiovasculares, neoplásicas e metabólicas como a obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial”, enumera a nutróloga. No caso de pessoas doentes, mudar os hábitos alimentares, retirando tudo o que é prejudicial, ajuda a melhorar as condições de saúde. Por isso, nunca é tarde para começar a comer melhor.

Dietas restritivas colocam saúde em risco

De vez em quando surge uma dieta nova. E da noite para o dia ela ganha adeptos em busca de uma saúde de ferro. Uma prega o consumo exclusivo de proteínas, outra diz que viver de frutas é o caminho para viver mais e melhor e há as que tratam as gorduras como criminosas.

Todas elas caem no erro da monotonia alimentar. Ou seja, priorizam um grupo de alimentos em detrimento de outros que contêm nutrientes tão ou mais importantes. Isso também vale para as receitas mágicas que encontramos por aí.

Comer a mesma coisa todos os dias, como sugerem esses modismos, não é uma escolha inteligente, mesmo que sejam alimentos funcionais. Até porque existe o risco do consumo excessivo, que é o caso da castanha-do-Pará, pois o selênio, mineral encontrado nela, é tóxico se for ingerido em grande quantidade. Assim como o comer de maneira desmedida pode fazer mal. Um estudo recente publicado no Jama (Journal of the American Medical Association) encontrou uma relação entre doenças cardiovasculares e mortalidade e pessoas com um consumo alto de ovos ou colesterol na dieta.

Os alimentos só devem ser excluídos das refeições quando houver necessidade, como acontece com quem tem diabetes e precisa eliminar as fontes de açúcar. É importante lembrar que as pessoas têm diferentes perfis metabólicos. Por isso, o que é bom para uma pode ser ruim para outra. “Cada um de nós tem uma multifatorialidade de condições que vão fazer com que a gente precise se alimentar de algum nutriente especifico ou se privar dele. Então, as dietas feitas de maneira generalizada são arriscadas”, salienta Melendez.

Não se deixe enganar

Todo mundo já sabe, mas vale repetir que ter uma dieta equilibrada, colorida e composta por alimentos naturais é a melhor receita para ter saúde, sem mágica. E é bom desconfiar do que foge disso. Confira algumas dicas simples para não cair nas fake news da alimentação:

Duvide sempre de receitas milagrosas, principalmente as que prometem resultados rápidos e precisam ser repetidas todos os dias, sempre em jejum;

Não acredite na ‘demonização’ de determinados alimentos, como os que contêm glúten e lactose;

Não confie cegamente no termo ‘detox’;

Não supervalorize o poder de nenhum alimento;

Fique com o pé atrás com as dietas da moda.

Sibele Oliveira, colaboração para o VivaBem

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