Louise Glück é a laureada pelo Nobel da Literatura em 2020, anunciou a Academia de Literatura da Suíça na manhã desta terça-feira (8). Segundo a organização, a poeta americana foi premiada “por sua inconfundível voz poética que, com beleza austera, torna universal a existência individual”.
Glück é considerada uma das poetisas mais talentosas da América na atualidade. Ela é conhecida por sua precisão técnica e sensibilidade em obras sobre solidão, relações familiares e também morte.
Com o prêmio dado a Louise, o Nobel de 2020 já tem quatro mulheres laureadas. A primeira foi Andrea Ghez, que dividiu o prêmio com dois cientistas por seu estudos sobre buracos negros. Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna também foram vencedoras do Prêmio Nobel 2020 em Química pela descoberta do Crispr, método de edição do genoma.
Nesta edição, o Nobel dará a cada um dos ganhadores 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).
A história recente do Nobel de literatura tem sido de idas e vindas. Por um lado – e em especial com o reconhecimento da obra do músico Bob Dylan em 2016 -, a Academia vem tentando expandir o conceito das letras para além da brochura e do encadernado, estratégia em que outros prêmios internacionais já vem apostando há algum tempo.
Por outro lado, o Nobel de literatura é cercado de polêmicas recentes. Em 2019, a Academia suiça premiou dois autores, um deles o austríaco Peter Handke, cuja obra sobre a Guerra nos Balcãs nos anos 90 é criticada por minimizar o massacre de mulçumanos durante os anos de conflito. Em 2006, Handke também discursou no velório de Slobodan Milosevic, ex-presidente iugoslavo condenado por genocídio e crimes de guerra. Cerca de 400 pessoas chegaram a se reunir na frente do edíficio do instituto em Estocolmo para protestar sobre a decisão, em um ano no qual a Academia havia se comprometido a ampliar seu recorte de gênero e raça.
Em sete anos, o Nobel premiou três autores de língua inglesa e quatro europeus. Um escritor de raízes africanas foi laureado pela última vez em 1986. Mulheres, por sua vez, levaram o prêmio 15 vezes, contra 101 premiações no caso de homens.
Além disso, em 2018, o Nobel de literatura foi cancelado após um escândalo após um grupo de 18 mulheres virem a público com acusações de abuso sexual praticadas por Jean-Claude Arnault, fotógrafo, empreendedor cultural e marido da poeta Katarina Frostenson, um dos membros da Academia sueca.
Os episódios pelos quais Arnault responde aconteceram no decorrer de 20 anos e incluem ao menos uma acusão de estupro, caso que levou o fotógrafo a ser sentenciado a dois anos de prisão. A Academia, criada em 1786 pelo rei Gustavo III, segue respondendo à coroa, que chegou a cogitar seu fechamento. Por ora, dois laureados devem ser anunciados em 2019 para o Nobel de Literatura.
Por GQ