Uma livraria só com escritos de mulheres para o público em geral. Assim é a Gato sem Rabo, projeto da artista visual Johanna Stein, que será inaugurado em São Paulo, no sábado (29), na rua Amaral Gurgel, 338, na Vila Buarque, Centro da cidade. O ineditismo da proposta está exatamente em reunir uma seleção formada apenas por escritoras, com produção em todas as áreas do conhecimento.
Johanna também é uma estreante como livreira. “Não tinha experiencia, fiz bacharelado em Artes Visuais, e minha pesquisa já era encaminhada por questões femininas. Fui compondo uma bibliografia, com sociologia, filosofia, antropologia, livros escritos por mulheres. Foi uma pesquisa e quis trazer isso para uma dimensão do coletivo”, explica
Ter um espaço físico só para autoras é algo que já existe em grandes cidades, como Nova York, Londres e Paris. “Faltava isso em São Paulo.” O nome faz menção a um ensaio de Virginia Woolf (1882-1941), em “Um Teto Todo Seu” (1929), que descreve a presença das mulheres nos meios de produção como algo tão estranho quanto um gato sem rabo.
“Ainda hoje existe uma invisibilidade”, avalia Johanna. E um equívoco, de que mulheres só escrevem sobre feminismo e questões do corpo. “Há uma noção errada de que a narrativa universal é masculina. Mas você pega autoras como Carolina Maria de Jesus ou Clarice Lispector, são vozes importantes, o que elas escrevem serve para qualquer ser humano”, diz.
Segundo Johanna, não se trata de uma livraria para mulheres, é para pessoas interessadas no hoje, que queiram fazer um exercício de olhar por outras perspectivas e aumentar o leque de repertório.
À convite da GQ, Johanna preparou uma lista de oito livros que todo homem deveria ler. São eles:
Carta à terra, de Geneviève Azam
Imnunidade – germes, vacinas e outros medos, de Eula Biss
O perigo de uma história única, de Chimamanda Ngozi Adichie
Ensinando pensamento crítico, de Bell Hooks
Poesia completa, de Maya Angelou
Um quarto só seu, de Virginia Woolf
Como se fosse a casa (uma correspondência), de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge
A ridícula ideia de nunca mais te ver, de Rosa Monteiro
Por GQ