A Universidade de Yale divulgou, no meio de janeiro, o maior estudo já realizado sobre os efeitos do preconceito na saúde dos idosos. O trabalho, levado a cabo pela faculdade de saúde pública da instituição, reuniu dados de 7 milhões de pessoas em 45 países. A professora Becca Levy foi encarregada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) de liderar o projeto, que integra uma campanha global de combate ao ageísmo – termo derivado da palavra inglesa “age”, que significa idade.
A análise consistiu na revisão de 422 estudos publicados no mundo todo, dos quais 96% mostravam evidências dos efeitos adversos do preconceito contra os idosos. Foram considerados aspectos estruturais, como a falta de acesso a cuidados de saúde, e individuais, como os estereótipos culturais que também afetam a saúde dos mais velhos.
Preconceito afeta saúde dos idosos: estudo levou em conta dados de 7 milhões de pessoas em 45 países — Foto: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2846924
Para os pesquisadores, o preconceito tem um impacto negativo no quadro de saúde mental, relacionado especialmente com a depressão. Pelo menos dez estudos apontaram uma relação entre a intensidade com que idosos se sentem atingidos por estereótipos e a diminuição de sua expectativa de vida.
O time da professora Becca Levy mapeou que o preconceito afetava as chances de pacientes mais velhos receberem tratamento médico adequado. Foram observadas evidências de que o acesso à saúde havia sido negado a idosos em 85% dos estudos mais relevantes. Em 92% das pesquisas internacionais, havia indicação de que o preconceito influía nas decisões médicas.
A sistematização dos mais de 400 trabalhos feita pela Universidade de Yale cobriu um largo período de tempo: de 1970 a 2017. Descobriu também que o problema afetava pessoas mais velhas independentemente de sexo e raça. “Os efeitos nocivos que foram levantados pelo nosso time demonstram a necessidade de iniciativas para combater o preconceito”, afirmou a professora.
Por Mariza Tavares, G1