“A Casa França-Brasil, de fato, está de volta”, avisa Helena Severo, diretora do histórico solar, um dos mais importantes espaços culturais do Centro do Rio, que reabre hoje com a exposição “Forma e cor”, em cartaz até 20 de outubro.
Depois de uma breve mostra em março, viabilizada pela Lei Aldir Blanc, agora o espaço retorna às atividades com uma programação definitiva até agosto do ano que vem.
—Temos uma agenda. Essa exposição terá sequência — avisa Helena.
“Forma e cor” tem a curadoria da própria diretora da instituição e do artista plástico e diplomata Marcos Duprat, cujas pinturas estão expostas ao lado de outras de Luiz Aquila e de esculturas de Emanoel Araújo e Luiz Hermano. A mostra, com 20 obras, é uma homenagem a Vera Pedrosa, embaixadora, poeta e crítica de arte, que morreu em fevereiro, aos 85 anos.
![Escultura laranja e azul (2021): obra do artista baiano Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25188096-c23-87c/FT450A/x95132756_SC-Emanoel-AraujoMostra-Forma-e-CorCasa-Franca-Brasil.jpg.pagespeed.ic.0iZfY29za4.jpg)
—Nós quatro tivemos o privilégio de ter os textos de Vera, a convivência, a opinião e o olhar dela — diz Marcos Duprat, amigo íntimo e colega da diplomata no Itamaraty.
Para explicitar a verve crítica do trabalho dela, ele fez questão de colocar na Casa França-Brasil, ao lado de suas obras, um texto que ela escreveu em abril de 2019: “As obras harmonizam-se no cromatismo e na luminosidade. São trabalhos refinados que mostram plena maturidade e domínio dessa sua forma de colour ground painting que exige saber fazer”.
A dualidade da produção dos artistas reflete também a diversidade do gosto de Vera. Se Marcos Duprat, com ele mesmo diz, pinta “silêncio e luz”, Aquila expressa a arte com “ritmo e explosão de cor”.
— Ele pinta sempre intuitivamente. Eu, de forma mais planejada. Nós, como artistas e amigos, achamos interessante esse contraste — diz Duprat.
![Colmeia (2018): escultura do artista plástico cearense Luiz Hermano Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25188099-d7e-e80/FT1086A/x95132758_SC-Luiz-HermanoColmeiaMostra-Forma-e-CorCasa-Franca-Brasil.jpg.pagespeed.ic.3PJddJ9Mvt.jpg)
Essa contraposição se repete nas esculturas de Emanoel Araújo e Luiz Hermano. Enquanto o primeiro privilegia o rigor geométrico, o segundo dá vazão a contornos orgânicas.
Motor para o entorno
Depois de “Forma e cor”, a Casa França-Brasil será um dos espaços da Bela Bienal, a Bienal Europeia e Latino-Americana de Arte Contemporânea, de 8 a 11 de novembro, que aconteceu na Finlândia em julho e agosto. Em dezembro e janeiro, será a vez de “Uns sobre os outros —história como corpo coletivo”. Em agosto do ano que vem, está no programa “Tarsila: uma coleção de desenhos”, para celebrar a Semana de Arte Moderna de 22.
![A pintura e a pincelada voadora (2013): quadro do artista carioca Luiz Aquila Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25188102-876-9dc/FT450A/x95132611_SC-Luiz-AquilaMostra-Forma-e-CorCasa-Franca-Brasil.jpg.pagespeed.ic.KnG5YFjfe7.jpg)
Quando a cidade volta a falar sobre retomada e revitalização, Helena pontua como os artefatos culturais assumem um papel importante nessa discussão.
—O pleno funcionamento da Casa e de outras instituições daquela região é de extrema relevância para reabilitação do Centro — diz Helena.
Por O Globo