Eles são estrelas de primeira grandeza entre os vinhos italianos, opulentos e de vida longa, com notável evolução ao longo dos anos. Até os nomes guardam alguma semelhança na fonética: Barolo e Brunello. Às vezes são confundidos por quem se inicia no mundo do vinho, embora tragam distinções importantes dentro das desejadas garrafas, que foram as primeiras a receber a Denominazione di Origine Controllata e Garantita (DOCG), quando foi estabelecida a designação.
A primeira e maior diferença está nas uvas. O Barolo é produzido exclusivamente com a Nebbiolo, e o Brunello di Montalcino é feito apenas com a Sangiovese. As primeiras produzem um vinho de aparência mais clara, porém encorpado e rico em tanino e acidez.
O Brunello que nasce com a Sangiovese também se destaca pela acidez, mas contém níveis mais baixos de tanino. Para ambos, recomenda-se um mínimo de dez anos de adega antes do consumo, embora o Barolo geralmente tenha uma vida mais longa graças ao seu tanino proeminente.
O Barolo é produzido no Barolo DOCG no Piemonte, que serve como um ambiente ideal para o cultivo de uvas Nebbiolo. Embora esta região ao norte seja a mais fria da Itália, e receba muita chuva a cada ano, também é temperada devido à influência do Mar Mediterrâneo, e ensolarada, especialmente nas colinas onde são cultivadas uvas para algumas das melhores safras de Barolo.
O solo na região de Montalcino é rico em argila, areia e pedras, reduzindo a produção das uvas e conferindo ao vinho um toque especial de mineralidade
Já o Brunello é feito na região central da Toscana. Essa área também pode ser fria e sofrer fortes chuvas, mas as uvas Sangiovese plantadas perto da cidade de Montalcino se beneficiam de um local tipicamente quente e seco. O clima único permite bastante tempo para o amadurecimento das uvas.
Embora existam alguns sabores comuns a Brunello e Barolo, como ervas secas, pimenta, cereja, couro e terra, a diferença de variedade e localização leva a caminhos diferentes a grande complexidade dos vinhos, acentuada com o tempo de guarda.
A Nebbiolo, apesar de ser uma uva de pele fina e gerar vinhos tintos de corpo médio, e coloração menos intensa, é muito rica em taninos e acidez
O Barolo é um vinho suculento com um sabor floral profundo e notas que incluem framboesa, alcaçuz, pétala de rosa, cogumelos secos e especiarias como anis estrelado.
O Brunello é opulento e pode trazer morango, groselha, figo, chocolate, frutas secas, aceto balsâmico envelhecido, e café expresso.
A paisagem é ‘de cinema’ no Castello Banfi, um dos maiores produtores do Brunello di Montalcino, vinho cuja denominação de origem é recente, criada apenas em 1966
Com teor alcoólico girando em torno dos 14%, os dois clássicos podem ser bebidos sozinhos, como os grandes vinhos, mas são companheiros maravilhosos de pratos encorpados e suculentos, como assados nos próprios molhos, perfumados em ervas e especiarias.
Por Revista Adega