Com adiamento de um ano por conta da pandemia de Covid-19, a 34ª Bienal de São Paulo chega com tudo! Até o dia 5 de dezembro, o público entra em contato com a produção de artistas que traduzem muito bem o espírito de seu tempo em suas obras.
O evento é sempre grandioso. Dessa vez, só no Pavilhão Ciccillo Matarazzo estão expostos mais de 1.100 trabalhos de 91 artistas de todos os continentes. A visita é complementada pela inserção de 14 enunciados, elementos que não são necessariamente artísticos, mas, por seus significados e histórias marcantes, sugerem leituras diferentes para as obras dispostas ao redor.
O público pode contemplar, por exemplo, três objetos sobreviventes ao incêndio no Museu Nacional, mostrando como a ação de resistir pode tomar diversas formas.
São eles o meteorito Santa Luzia, que permaneceu sem nenhum dano; uma ametista (tipo de quartzo roxo) que adquiriu a coloração do citrino (um quartzo amarelo) ao ser exposta por muito tempo a uma altíssima temperatura; e uma ritxòkò, boneca doada à instituição por Kaimote Kamayurá, da aldeia Karajá de Hawaló, na Ilha do Bananal (TO), para substituir uma que foi destruída pelas chamas.
E, falando em resistência, outro enunciado impactante é a série de 120 retratos do jornalista, escritor e orador Frederick Douglass (1818 – 1895). Filho de uma mulher negra escravizada e de um pai branco desconhecido, ele se transformou na figura norte-americana mais fotografada do século 19, tornando-se um símbolo na luta pelo fim da escravidão.
Atenção: a entrada é gratuita e é obrigatório mostrar um comprovante de vacinação contra a Covid-19 para ter acesso à megaexposição.
#DicaCatraca: sempre lembre de usar a máscara de proteção, andar com álcool em gel e sair de casa somente se necessário! Caso pertença ao grupo de risco ou conviva com alguém que precise de maiores cuidados, evite passeios presenciais. A situação é séria! Vamos nos cuidar para sair desta pandemia o mais rápido possível. Combinado? ❤
- Bienal de São Paulo para além do pavilhão
O público também pode expandir a vivência para as 20 instituições parceiras que apresentam uma intensa programação paralela de mostras individuais, como Instituto Moreira Salles, Instituto Tomie Ohtake, Itaú Cultural, Japan House, Pinacoteca e Museu Afro Brasil. Uma delas é a do chileno Alfredo Jaar, em cartaz no Sesc Pompeia. Falamos mais sobre ela aqui.
A ideia do evento como um todo é refletir sobre a importância da diversidade. Inclusive, uma das referências curatoriais foi explorar o conceito de que devemos nos relacionar uns com os outros sem nos compreendermos completamente, já que somos seres complexos e plurais.
Nesse sentido, os números impressionam! A participação de homens e mulheres está equilibrada e 4% dos convidados se identificam como não-binários. Ao mesmo tempo, a 34ª Bienal de Artes se destaca como a com maior representatividade indígena entre todas as edições com dados disponíveis: cerca de 10% dos artistas pertencem aos povos originários de diferentes partes do globo.
O Parque Ibirapuera também foi dominado pelas artes do evento. Um dos destaques é a instalação de Jaider Esbell, da etnia Makuxi, localizada perto das fontes do lago. Trata-se de dois objetos infláveis em formato de serpente, com 10 metros cada, estampados em cores vibrantes e com iluminação interna. Isso porque, no xamanismo, a cobra representa cura, transformação e regeneração.
A atriz Grace Passô marca a estreia na Bienal com a instalação de uma rádio de poste nos arredores do Pavilhão Ciccillo Matarazzo. Essa prática é bastante comum nas cidades pequenas, configurando-se como um mecanismo alternativo para a difusão de informações de interesse público. É a artista quem decide a programação, que pode ser ouvida dentro e fora da mostra.
A 34ª Bienal de São Paulo tem como título “Faz escuro mas eu canto” e não se restringiu aos museus e centros culturais. A edição também dominou o mundo virtual, com direito a um catálogo digital, um podcast, um curta-metragem, uma linha do tempo e muito mais. Acesse tudo neste link.
A realização da Bienal em 2021 ganhou um significado especial. É o aniversário de 70 anos dessa iniciativa que mudou para sempre a relação do Brasil com a arte contemporânea e com o circuito internacional. Ao longo de 33 edições, o evento teve a participação de 140 países, 11.500 artistas ou coletivos, mais de 70 mil obras e 8,5 milhões de visitantes.
Assim, mostra se tornou o principal evento internacional de arte contemporânea do hemisfério sul e o segundo mais antigo do mundo! Acesse o site para ficar por dentro de toda a programação.
Por Catraca Livre