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Ásia desafia Europa e consolida nova era na produção de vinhos

A geografia mundial do vinho passa por uma transformação. França e Itália seguem como referências, mas países asiáticos como China, Japão, Índia, Tailândia, Coreia do Sul e Vietnã vêm consolidando suas próprias tradições vitivinícolas, desafiando a histórica predominância europeia.

Impulsionada por avanços técnicos, adaptação climática e crescimento do consumo interno, a Ásia começa a ocupar um lugar relevante no mercado internacional.

De acordo com a Vinexpo, o consumo de vinho na região deve crescer 4,5% ao ano, com China, Japão e Vietnã liderando essa expansão. A combinação de urbanização, aumento da renda e uma nova geração de consumidores está ampliando a procura por rótulos locais e importados, criando espaço para que produtores asiáticos conquistem reconhecimento global.

Japão e a consolidação do Koshu
O Japão tem se destacado pela valorização da uva Koshu, cultivada principalmente na província de Yamanashi, próxima ao Monte Fuji. Reconhecida por sua leve acidez, a variedade consolidou-se como símbolo da produção local. O país já conta com mais de 300 vinícolas oficiais e registrou crescimento de quase 20% na produção entre 2010 e 2020. As técnicas modernas de fermentação, envelhecimento em carvalho e controle rigoroso de qualidade vêm garantindo espaço em competições internacionais, como o Decanter World Wine Awards.

China busca reconhecimento internacional
A China possui a segunda maior área de vinhedos do mundo, atrás apenas da Espanha. Regiões como Ningxia, Shandong e Hebei estão construindo reputação própria, com destaque para Ningxia, apelidada de “novo Bordeaux da Ásia”. Vinícolas como Silver Heights e Grace Vineyard produzem tintos estruturados de Cabernet Sauvignon que já competem em qualidade com rótulos tradicionais. Segundo a OIV, a produção chinesa atingiu cerca de 5 milhões de litros em 2022.

Índia e Tailândia enfrentam climas desafiadores
Na Índia, a vinícola Sula Wines consolidou-se como uma das maiores do país, expandindo tanto no mercado interno quanto na exportação. O modelo mostra que regiões tropicais também podem ganhar espaço com investimento e inovação. A Tailândia, por sua vez, adaptou a viticultura ao clima quente com a técnica de dupla poda, que permite colher durante a estação seca. A Monsoon Valley Wines e a GranMonte, no distrito de Khao Yai, são exemplos de sucesso, produzindo vinhos que já receberam medalhas em competições internacionais.

Coreia do Sul e Vietnã em evolução
Na Coreia do Sul, produtores começam a experimentar variedades como Campbell Early, voltadas ao paladar local. Já o Vietnã investe na região de Da Lat, onde vinhos como Château Dalat alcançaram reconhecimento em eventos internacionais, inclusive sendo servidos na cúpula da APEC em 2017. Esses exemplos reforçam a tentativa de transformar vinhos nacionais em produtos premium.

Incorporados em menus de restaurantes
Especialistas avaliam que a Ásia não deve competir com a Europa em tradição histórica, mas sim em identidade regional e adaptação climática. Estudos recentes apontam que vinhos asiáticos, como o Koshu japonês e rótulos tropicais, vêm sendo incorporados em menus de restaurantes de alta gastronomia em Hong Kong, Tóquio e Singapura. Essa integração fortalece a percepção de autenticidade e amplia a aceitação no mercado internacional.

O avanço dos vinhos asiáticos sinaliza mais do que um movimento agrícola. Trata-se de uma mudança cultural e de consumo, em que novos terroirs ganham espaço e desafiam a supremacia de regiões consagradas.

Por Revista Adega

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